Invasão cearense

Sessão especial no Curta Cinema apresenta ao público carioca um pequeno panorama do que o Ceará tem em termos de produções audiovisuais

O Ceará pode ainda não ser um polo de cinema, mas a cada ano o número de produções cresce e aparece. Produções audiovisuais que continuam flertando com o passado e as tradições (seca, cangaço e cultura popular), mas que ampliam seus horizontes para temáticas mais jovens, contemporâneas e urbanas. Um cinema que se espelha na linguagem clássica, mas que busca, também, uma aproximação com experimentações narrativas.

Uma série de filmes que tem despertado a atenção local e nacional e ganha uma mostra especial dentro da programação do Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro, o Curta Cinema, que começou no último dia 30 e prossegue até a próxima segunda (9). A Mostra Nova Cena Cearense acontece hoje, às 21h, no Odeon Petrobras, e na sexta (6), na sala da Caixa Cultural, seguida de debate com os realizadores.

"Fazer a seleção de um grande festival significa assistir a centenas de curtas-metragens por ano", conta Lis Kogan, uma das curadoras do Curta Cinema e idealizadoras da mostra. "De pouco tempo para cá, ficou perceptível que vem de Fortaleza um número cada vez maior de obras ousadas, originais e que travam interessantes diálogos com o cinema contemporâneo", avalia.

"Surgiu então a ideia de colocar isso em evidência para o público do Curta Cinema, mostrando em uma sessão especial a força de uma cena que demonstra força e consistência promissoras", explica a curadora. "O objetivo da sessão é justamente abrir os olhos das pessoas para este movimento nascente. Queremos, assim, estimular ainda mais as potências deste movimento que acontece coletivamente e é fruto de reflexão e amor pela arte cinematográfica", continua.

Filmes selecionados

Ao todo, são sete curtas-metragens, entre ficções e documentários, de novos cineastas que apresentam um cinema cheio de vigor e pronto para conquistar novas praias. Entre os filmes selecionados estão "Às vezes é mais importante lavar a pia do que a louça ou simplesmente Sabiaguaba" e "Longa Vida ao Cinema Cearense", ambos dos Irmãos Pretti, cariocas radicados em Fortaleza; "A Curva", de Salomão Santana ; "Alto Astral", de Hugo Pierot e Glaucia Barbosa; "Vista Mar", de Rúbia Mércia, Pedro Diógenes, Victor Furtado, Claugeane Costa, Rodrigo Capistrano e Henrique Leão; "Miúdos", de Pedro Diógenes; e "Flash Happy Society", de Guto Parente.

Segundo Lis Kogan, a pretensão não é definir o que é que se produz no Ceará atualmente, mas lançar um olhar sobre uma parte dessa produção que está se mostrando "extremamente fresca, vigorosa e inovadora". "Foram mais de 50 curtas assistidos por mim", relembra a curadora. "Após fecharmos os filmes que estariam na Mostra Competição Nacional (´Passos no Silêncio´, ´A Amiga Americana´, ´Mulher Biônica´, ´Matrioshka´ e ´As Corujas´), retomei minhas anotações para definir a lista de alguns dos filmes que havia visto que me pareciam ter mais destaque e ao mesmo tempo alguma unidade de proposta", explica Lis Kogan. Nascia assim a Mostra Nova Cena Cearense. Uma sessão única que, em pouco mais de 80 minutos de projeção, traz um olhar carioca sobre a produção audiovisual feita atualmente no Ceará.

Mais Informações

Mostra Nova Cena Cearense, dentro da programação do Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro - Curta Cinema. Hoje, às 21h30, no Odeon Petrobras, e nesta sexta (6), às 15h, na Caixa Cultural, seguido de debate com os realizadores, no Rio de Janeiro.

Fonte: Diário do Nordeste, 05 de novembro de 2009.